Há sítios que têm tantas memórias que são capazes de nos engolir num ápice. Visitá-los torna-nos bravos, de raízes persistentes e indomáveis. Selvagens de daninhos. Há sítios que têm tantas memórias que são capazes de nos engolir num ápice.
Cheirá-los só prova que há algo que perdura para além da trama da nossa cabeça e tem um aroma mais forte que coração queimado. Há sítios que têm tantas memórias que são capazes de nos engolir num ápice.
Se os visitas sem bengalas, desamparado como um girassol solitário, eles engolem-te numa dentada funda e dura. Se os visitas cheio, tão cheio que nenhuma aragem seja capaz de te derrubar, eles deixam de rosnar tão alto e escondem os dentes por entre as patas felpudas. Se os visitas cheio, tão cheio que nenhuma aragem seja capaz de te derrubar, tens uma aura forte que te protege e isso vai acabar por te roer o peito como uns dentes enormes de castor. Há balões que transportam cimento sem que com isso deixem de ser falíveis a mandíbulas afiadas, escuta-o. Há sítios que têm tantas memórias que são capazes de nos engolir num ápice.
Ou nos comem eles a nós ou nós próprios nos comemos. Não sabemos mandar na boca do nosso coração nem nas circunstâncias que o amordaçam, seria demasiado cliché. Há sítios que têm tantas memórias que são capazes de nos engolir num ápice. Então, eu respiro bem fundo antes de partir à aventura desconhecida daquilo que me é tão conhecido, não sem antes por uma colher no bolso, para a eventualidade de me decidir comer-me às colheres.
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