Às vezes páro para pensar em coisas que podem, aos olhos de quem orienta a sua vida por outros cursos, parecer ridículas. Nos sítios mais inóspitos surgem-me frases que requerem nota, daí o lápis sempre à mão.
Hoje, por exemplo. Talvez o meu estado interior tenha potenciado este pensamento. Pensava nisto do Amor e na consciência que o mesmo implica. Na consciência que é preciso ter ao dizer Amo-te. E na consciência do próprio Amo-te. Será que o Amor (que no meu mundo respira, fala, anda, tem jeitos de gente e dias de mau feitio) compreende o que pode provocar quando se direcciona para uma e só uma pessoa? Mas não era isto. Era a consciência do Amo-te.
Porque o Amor anda maltratado por aí, dado ao desbarato. Talvez já todos tenhamos assistido a cenas em praça pública. Eu já. Ele gritava-lhe não gostas, põe-te a andar, cabra! e ela realmente andava à frente dele, mas olhando para trás garantindo que ele a seguia. Que tipo de Amor é este? Da mesma boca que agora clamava injúrias, deveriam ter saído vários Amo-te, ditos com candura àquela que agora tão brilhantemente era achincalhada na rua, em plena festa. Não, o Amor merece mais. Pode-se hipotetizar de mil maneiras e talvez se chegue a algumas justificações aceitáveis mas eu não aceito ver o Amor tratado assim. Ela olhava para trás, garantindo que ele a seguia, e ele ia, apesar de deixar bem claro que se estás mal, muda-te. Será que ela mudou? Duvido. Na mesma medida que duvido que ele vá mudar. Talvez tenha pedido desculpa e culpado a folia e as grades de minis bebidas ao fim da tarde com os amigos. Talvez ela o tenha olhado nos olhos e pensado que é só mais esta vez, recordando-se dos motivos porque está com ele. Reminiscências de alguém que já não é.
E o Amor vive de recordações? Diz-se Amo-te assim, com o mesmo tom com que se pede fecha a porta, faz corrente de ar. Provavelmente é por isso que já poucos acreditam no Amor ou o acham simplesmente digno de filme. A consciência do Amor. Era isto. É isto que me mói agora.
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